Ferida 

11-03-2018

Já fui demasiado sentimental, e talvez ainda o seja, já senti muito enquanto nada ou pouco me sentiam, dei demasiado de mim a quem nem queria saber porque tinham mais de quem receber, até que por fim cansei-me de sentir, cansei-me de dar, cansei-me de ser tomada como garantida.

Já tive um limite de lágrimas e mesmo assim acabei por ultrapassa-lo, já tive um limite de perdão e mesmo assim acabei por ultrapassa-lo. Já deixei que me tocassem em feridas que ainda não estavam saradas por preferir sentir tudo intensamente e de uma vez do que deixar que me doesse aos bocados, deixei-me ser magoada e desiludida de uma vez só, e sei que ainda não acabou, que a ferida ainda não está quase sarada, quase fechada. Com cada toque na ferida, eu cresci e aprendi que ganhamos mais em perder grandes paixões do que nos perdermos por elas.

No entanto não perdi nem metade do meu sentimentalismo e espero nunca perder, ainda tenho em mim a marca de cada toque, cada um mais intenso que o outro, cada um de forma diferente, uma coleção de desilusões, de arranhões.

E tu ? És tu que vais deixar a ferida sarar sem lhe tocar ? Sem me desiludir, que vais chegar e me vais dar um abraço como um penso rápido ? Vais ser tu que me vais curar só com um sorriso ou só com os teus dedos entrelaçados nos meus ?

Eu espero que sim, mas sei que foi por esperar das pessoas aquilo que elas não me queriam dar que a minha ferida ainda não fechou. Vai ser igual ?


- Os olhos azuis 

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