Até um dia

01-02-2018

Por vezes sinto-me no centro do mundo, tudo a girar á minha volta, não pelo facto de ser egocêntrica ou convencida, mas sim por tudo mudar, tudo avançar e eu ficar ali, parada, só a ver tudo o que se passa ao meu redor.

Não sei no que acreditar, se sou eu que estou mal com o mundo, ou se é ele que está mal comigo ou até com ele mesmo, só sei que todos os dias algo acontece. 

Todos os dias algo me escorrega por entre os dedos, e eu não fecho a mão, não prendo, não faço com que esse algo não escorregue, se calhar se isso acontece é por alguma razão, se tu foste embora foi por alguma razão. 

Dizem-me que o o melhor que te aconteceu foi teres partido, que agora estás bem, já não sofres e já não choras, e eu acredito, mas culpo-me, culpo-me por nem sempre ter fechado a mão quando te sentia a ir, a escorregares-me por entre os dedos, por me convencer que tudo ia ficar bem, mas agora já cá não estás, já não te posso agarrar a mão, dizer-te que a única coisa que queria era que ficasses mais um pouco, nem que fosse para me despedir. 

Pergunto-me se me ouves quando chamo por ti, se alguma vez o mundo vai deixar de girar sem mim, se algum dia conseguirei sentir o alivio de que já consigo voltar a fechar a mão a alguém, de não deixar mais ninguém escorregar-me por entre os dedos, de fazer alguém ficar. 

Espero que um dia, quando alguém não me der a mão e me deixar escorregar por entre os seus dedos, quando eu cair e cair de vez, que eu vá ter contigo, que te consiga abraçar e pedir desculpa. Não me despedi de ti, mas sei que quando te encontrar de novo, um dia, eu vou-te dizer "olá" sem nunca mais ser preciso dizer "adeus".


Em memória de G.C 

  - Os olhos azuis 

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