Lembro-me do fim, como se fosse ontem, e talvez até tenha sido.

Lembro-me da ultima vez que pensei que ainda me amavas, que dizia para mim "Ama-me mais um pouco" sempre que ias embora, e lembro-me da ultima vez que pedi para dentro para te arrependeres a tempo, para te arrependeres antes que eu decidisse que nunca mais te queria de volta, que nunca mais te queria do meu lado, que nunca mais te deixaria voltar, pensei isso ontem, pensei isso hoje, pensei isso á exactamente 45 segundos atrás, penso nisso sempre que estou feliz, sempre que sinto que as saudades que tinha tuas já foram embora.

O "nós" baseia-se a isso, a um ciclo vicioso em que o meu vicio eras tu mas eu não era o teu, o teu vicio era ires e voltares só quando não tinhas ninguém com quem te deitares sem pressão, quando sentias a necessidade de parares de fingires ser outra pessoa só para agradar os outros, é complicado, nunca te percebi, nunca nos percebi. 

É uma verdadeira burrice ter imensas opções de ida e escolher ficar por alguém que já não nos quer cá. A protecção é necessária para prevenir um outro possível dano, uma próxima ferida, um próximo desgosto e é por isso que te usava como escudo, preferia ficar a pensar em ti do que avançar e sofrer tanto ou mais com outra pessoa como sofria contigo, mas com um abraço tiraram-me o escudo e fizeram-me ver que há muito mais por aí para além de ficar á tua espera. Não te guardo rancor mas também já não te amo. Foi difícil estar no meu lugar, e agora mesmo com esta inversão de papéis sei que nunca terás a força para estar deste lado, porque por  muito que te magoe, nunca sairás tão magoado. 

Nunca foste o fim de uma etapa mas sim o inicio, porque depois da tempestade vem a bonança, e sei que foi preciso ter-te na minha vida para perceber que vou ter muito melhor. Foste apenas o inicio.

- Os olhos azuis